
Vera Rubin e a evidência de que o Universo é dominado por matéria invisível
FÍSICA


Ilustração conceitual criada com auxílio de IA
Na década de 1970, a astrônoma Vera Rubin protagonizou uma das descobertas mais impactantes da história da cosmologia moderna. Seu trabalho mudou radicalmente a forma como compreendemos a estrutura e a composição do Universo.
Ao estudar a rotação de galáxias espirais, como a galáxia de Andrômeda, Rubin analisou a velocidade das estrelas em diferentes regiões galácticas. De acordo com as leis clássicas da gravitação, estrelas mais distantes do centro deveriam se mover mais lentamente, da mesma forma que planetas externos do Sistema Solar orbitam o Sol com menor velocidade.
No entanto, as observações revelaram algo inesperado: as estrelas orbitavam praticamente à mesma velocidade, independentemente da distância ao centro da galáxia. Esse comportamento contradizia completamente os modelos gravitacionais conhecidos.
A única explicação plausível era a existência de uma enorme quantidade de massa invisível, distribuída ao redor das galáxias, fornecendo a gravidade necessária para mantê-las coesas. Essa massa não emitia, refletia ou absorvia luz — mas seus efeitos gravitacionais eram inegáveis. Assim surgia uma das evidências mais sólidas daquilo que hoje chamamos de matéria escura.


À esquerda: Vera Rubin olhando através de um telescópio no Vassar College, onde estudou astronomia na década de 1940. Ela foi a única aluna de astronomia de sua turma de formatura.
À direita: Rubin analisando os espectros de estrelas na Carnegie Institution na década de 1970, trabalho que a levou a confirmar a existência da matéria escura. Foto via Fox Weather
Atualmente, estima-se que cerca de 85% de toda a matéria do Universo seja composta por matéria escura. Em contraste, toda a matéria comum — estrelas, planetas, gases e poeira — representa menos de 5% do conteúdo cósmico. Além disso, aproximadamente 70% do Universo é dominado por outro componente ainda mais enigmático: a energia escura, responsável pela expansão acelerada do cosmos.
O impacto do trabalho de Vera Rubin vai muito além da física. Em um ambiente científico majoritariamente masculino, ela enfrentou resistência, preconceito e até restrições de acesso a observatórios. Ainda assim, sua perseverança, rigor científico e clareza nos dados tornaram impossível ignorar suas conclusões.
Hoje, seu legado permanece vivo. O Vera C. Rubin Observatory, no Chile, foi batizado em sua homenagem e continua a missão iniciada por ela: investigar a matéria e a energia invisíveis que moldam o Universo em grande escala.
A história de Vera Rubin é um lembrete poderoso de que muitas das maiores descobertas da ciência surgem quando alguém tem coragem de questionar o que parecia estabelecido — e de seguir os dados até onde eles levarem.
Fonte:
Wikipédia: Vera Rubin.
SciELO: A descoberta da matéria escura e o papel de Vera Rubin.
Unicentro: Vera Rubin (1928 – 2016), Mãe da Matéria Escura.
AMNH: Vera Rubin sobre a matéria escura: um fator de dez.
Carnegie Science: Vera Rubin: Abrindo portas para a matéria escura e as mulheres na ciência.
Astronomy.com: Como Vera Rubin confirmou a matéria escura.
LSST.org: A Natureza da Matéria Escura | Observatório Rubin.


