James Webb identifica galáxia espiral que desafia modelos atuais da cosmologia

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Fabricio Jr

12/13/20252 min ler

Fotografia capturada pelo Telescópio Espacial James Webb, com destaque à galáxia de Alaknanda / Crédito: Divulgação/NASA/ESA/CSA, I. Labbe/R. Bezanson/Alyssa Pagan (STScl), Rashi Jain/Yogesh Wadadekar (NCRA-TIFR)

Uma descoberta intrigante feita com dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST) está levando astrônomos a reconsiderar aspectos fundamentais da cosmologia moderna. Pesquisadores identificaram uma galáxia espiral extremamente distante que aparenta ter se formado muito antes do que os modelos atuais preveem para esse tipo de estrutura complexa.

Batizada de Alaknanda, em homenagem a um afluente do rio Ganges, a galáxia foi observada em um estágio inicial da história do Universo. No entanto, suas características surpreendem: ela já apresenta braços espirais bem definidos, organização estrutural avançada e um nível de maturidade inesperado para uma época tão próxima ao Big Bang.

A observação é significativa porque, segundo a teoria padrão da cosmologia, o Universo jovem era um ambiente altamente turbulento e caótico, dominado por colisões frequentes entre galáxias, intensa formação estelar e grandes perturbações gravitacionais. Nesse cenário, estruturas organizadas como galáxias espirais deveriam surgir apenas bilhões de anos depois, quando o cosmos estivesse mais estável.

No caso de Alaknanda, os dados indicam que a galáxia já existia quando o Universo tinha pouco mais de 1,5 bilhão de anos, um período em que, teoricamente, galáxias desse tipo ainda não deveriam ter se formado. Isso levanta questionamentos importantes sobre como e quão rapidamente as galáxias podem se organizar.

Os pesquisadores destacam que o desafio não está apenas na distância da galáxia, mas principalmente em sua maturidade estrutural. As teorias atuais sugerem que galáxias espirais se desenvolvem gradualmente por meio de fusões menores e processos lentos de estabilização. No entanto, Alaknanda parece ter alcançado esse estágio de forma muito mais rápida.

O estudo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, sugere que alguns mecanismos físicos ainda pouco compreendidos — como processos eficientes de dissipação de energia, dinâmica do gás ou influência da matéria escura — podem ter desempenhado um papel crucial nesse desenvolvimento acelerado.

Historicamente, acreditava-se que apenas galáxias irregulares ou desorganizadas existiriam no Universo primordial. A descoberta de uma espiral bem definida tão cedo na história cósmica indica que o Universo pode ter sido capaz de criar ordem em meio ao caos mais rapidamente do que se imaginava.

Os cientistas ressaltam que a descoberta não invalida completamente os modelos cosmológicos atuais, mas aponta para a necessidade de ajustes e refinamentos, especialmente no que diz respeito à formação de galáxias e à evolução das grandes estruturas cósmicas.

Com o James Webb observando cada vez mais profundamente o passado do Universo, novas descobertas como essa devem continuar a reformular nossa compreensão sobre como o cosmos se formou e evoluiu, abrindo caminho para uma visão mais completa da história do Universo.

Fonte: Astronomy & Astrophysics

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