
Galáxias através do tempo: como o Universo construiu suas maiores estruturas
ASTRONOMIA


A Galáxia do Redemoinho, M51, é uma galáxia espiral situada a aproximadamente 31 milhões de anos-luz da Terra. Ela é conhecida por sua estrutura espiral bem definida, com braços longos e curvados que exibem regiões rosadas de intensa formação estelar, além de filamentos azulados compostos por aglomerados de estrelas jovens e brilhantes.
Créditos: vdHoeven / NASA / JPL-Caltech / R. Kennicutt (Universidade do Arizona) / DSS
As galáxias estão entre as maiores e mais complexas estruturas do Universo. Elas reúnem bilhões ou até trilhões de estrelas, além de planetas, gás, poeira e enormes quantidades de matéria escura. Compreender como essas estruturas surgiram e evoluíram ao longo do tempo é uma das questões centrais da astronomia moderna.
Ao observar galáxias a diferentes distâncias, os astrônomos conseguem, na prática, olhar para diferentes épocas da história cósmica. Quanto mais distante uma galáxia está, mais antigo é o seu retrato, pois a luz leva bilhões de anos para atravessar o espaço até alcançar a Terra.
Informações gerais sobre as galáxias
As galáxias não surgiram prontas logo após o Big Bang. Nos primeiros centenas de milhões de anos do Universo, existiam apenas pequenas flutuações de matéria. Com o passar do tempo, a gravidade fez com que essas regiões mais densas atraíssem cada vez mais matéria, dando origem às primeiras galáxias.
Essas galáxias iniciais eram, em geral, menores, mais irregulares e extremamente ativas, com intensa formação de estrelas. À medida que o Universo envelheceu, colisões e fusões entre galáxias passaram a moldar estruturas maiores e mais organizadas.
Espirais e elípticas: formas que contam uma história
As galáxias observadas atualmente apresentam diferentes formatos, sendo os mais comuns as galáxias espirais e as galáxias elípticas.
As galáxias espirais, como a Via Láctea, possuem braços bem definidos, ricos em gás e poeira, onde novas estrelas continuam se formando. Elas tendem a ser sistemas relativamente estáveis, com rotação organizada.
Já as galáxias elípticas apresentam formas mais arredondadas ou alongadas, com pouco gás disponível para a formação de novas estrelas. Em muitos casos, essas galáxias são o resultado de fusões entre sistemas menores, um processo que “embaralha” as órbitas das estrelas e consome o material necessário para novos nascimentos estelares.


A NGC 3344 é uma galáxia espiral de grande beleza, com dimensões estimadas em cerca de metade do tamanho da Via Láctea. Sua estrutura relativamente simétrica e seus braços bem organizados a tornam um excelente exemplo de galáxia espiral isolada.
Créditos: ESA / Hubble / NASA
Quais são as diferenças entre as galáxias mais antigas?
As galáxias mais antigas observadas pelos telescópios atuais mostram características muito distintas das galáxias modernas. Elas costumam ser mais compactas, com taxas de formação estelar extremamente altas e estruturas menos organizadas.
Essas galáxias primordiais ajudam os cientistas a entender como os primeiros elementos pesados foram produzidos, como surgiram os primeiros buracos negros supermassivos e de que forma as galáxias cresceram ao longo do tempo.
Questões ainda em aberto
Apesar dos avanços, muitas perguntas fundamentais permanecem sem resposta definitiva. Entre elas estão:
Como as primeiras galáxias se formaram tão rapidamente após o Big Bang?
Qual o papel exato das fusões na evolução galáctica?
Como buracos negros supermassivos influenciam o crescimento das galáxias ao seu redor?
Responder a essas perguntas é essencial para compreender a história completa do Universo.
Questões-chave na evolução galáctica
Os astrônomos buscam responder questões como:
O que determina o formato final de uma galáxia?
Por que algumas galáxias param de formar estrelas enquanto outras permanecem ativas por bilhões de anos?
Como galáxias pequenas evoluem até se tornarem gigantes cósmicas?
Essas questões conectam a física das galáxias à cosmologia, à matéria escura e à dinâmica do espaço-tempo.


A M87 é uma galáxia elíptica gigante, localizada no centro do aglomerado de Virgem. Astrônomos acreditam que galáxias elípticas de grande porte, como a M87, sejam formadas principalmente por sucessivas colisões e fusões entre galáxias menores ao longo de bilhões de anos.
Créditos: ESA / Hubble / NASA
O papel da matéria escura
A matéria escura desempenha um papel central na formação e na evolução das galáxias. Embora não emita nem reflita luz, sua presença é detectada por meio de seus efeitos gravitacionais.
Ela forma verdadeiros “esqueletos invisíveis” ao redor das galáxias, conhecidos como halos de matéria escura, que ajudam a manter as estruturas coesas e influenciam diretamente a forma como o gás se acumula e forma estrelas.
Sem a matéria escura, as galáxias provavelmente não teriam se formado da maneira como observamos hoje.
A formação de galáxias continua até hoje
A formação de galáxias não é um processo encerrado no passado distante. Mesmo hoje, galáxias continuam a colidir, se fundir e evoluir.
Observações mostram que a Via Láctea, por exemplo, está em processo de interação com galáxias menores e deverá se fundir com a galáxia de Andrômeda no futuro distante, dando origem a uma nova galáxia elíptica.
Esses processos mostram que o Universo está em constante transformação.
O papel do Telescópio Espacial James Webb
O Telescópio Espacial James Webb representa um avanço decisivo no estudo das galáxias ao longo do tempo. Com sua capacidade de observar o Universo em infravermelho, o Webb consegue enxergar galáxias extremamente distantes, formadas poucos centenas de milhões de anos após o Big Bang.
Essas observações estão revelando detalhes inéditos sobre a formação das primeiras estrelas, a evolução química das galáxias e a interação entre galáxias e buracos negros supermassivos.
Uma história escrita em luz
Estudar as galáxias ao longo do tempo é, em essência, estudar a própria história do Universo. Cada galáxia observada é um capítulo dessa narrativa cósmica, escrita em luz ao longo de bilhões de anos.
Ao compreender como essas estruturas surgiram, evoluíram e continuam a se transformar, damos mais um passo para entender nosso lugar no cosmos e a longa jornada que levou à formação do Universo como o conhecemos hoje.
Fonte:
ciencia.nasa: Galáxias através do tempo
TecMundo: Halo de matéria escura pode explicar forma distorcida da Via Láctea.
Tempo.com: James Webb encontra a primeira evidência direta das primeiras estrelas do universo.
Wikipedia: Formação e evolução de galáxias.
TecMundo: Por que as galáxias possuem formas tão diferentes?
Canaltech: Espirais, elípticas e lenticulares... por que as galáxias são tão diferentes?.


